O VALOR DA EXPERIÊNCIA

O VALOR DA EXPERIÊNCIA


O tempo não nos dá tempo. Marcha inexorável e ininterruptamente, cabendo a nós nos posicionarmos nele na medida que nos aprouver. Cabe-nos também a sabedoria de controlar os fatos sobre os quais temos poder. É verdade que sobre uma parte, talvez 10%, não temos controle. Acontecem à nossa revelia. Porém a grande maioria está sob nossa administração.


Aqui entra a experiência. É ela que, se bem aproveitada, nos capacita a controlar os acontecimentos em nossa vida, dispondo-os a nosso favor. E para o bom aproveitamento da experiência é necessário usar nosso tino, nosso espírito de observação, enfim, a sabedoria.  Por isso os jovens erram tanto. Pois agem por impulso, intempestivamente, o que é na verdade, próprio de sua idade. Muitas vezes vão na onda e pagam caro por sua insensatez. Inclusive, vale observar, por tudo isso até pagam mais caro pelos seguros de seus veículos.


Uma aliada forte da experiência, é sem dúvida a paciência. É ela que nos dá o tempo necessário para observar o que se passa conosco e nos abre os olhos para diferir experiência de informação. Isso é necessário, pois a informação sacrifica a experiência. Uma vez que a informação se passa no mundo e a experiência se passa em nós. A experiência é criativa e solidificante, ao passo que a informação é volátil e efêmera. Enquanto não conseguirmos trocar nossa informação por experiência não presenciaremos nenhuma mudança substancial em nossa sociedade e a nossa educação está carente disso. Na verdade somos uma sociedade informada. Com informações informatizadas que aniquilam o tempo para experiência. Como a sociedade tem pressa, então não tem paciência.


Assim sendo faz-se necessário não confundir experiência com informação, com trabalho ou com ócio. A Informação é estéril, o trabalho é repetitivo e o ócio é inerte; enquanto a experiência é criadora, dinâmica e fecunda. Pois conforme nos diz Heidegger, se bem o entendemos, a experiência é estimulante e transformadora. Então experienciar é nos abrir aos acontecimentos, esse fato implica em receptividade. Portanto não podemos nos impor mas nos expor. Como o homem moderno é vítima da informação, desde o tempo que vai fazer no dia seguinte até a pasta de dentes que deve usar, fica sem disponibilidade para a experiência.


Por outro lado cabe-nos pensar também o saber, fruto  da experiência, que é mais consistente, embora pessoal, individual e único. Mas que poderá se tornar coletivo e social além de benéfico e útil, desde que corretamente certificado pela ciência.


Hoje, felizmente podemos constatar que a sociedade, embora timidamente, tem se dado conta do valor da experiência. Algumas empresas, por confiarem na sabedoria  dos idosos, tem admitido aposentados em seus quadros. Nossa sociedade está começando a entender que ser idoso não quer dizer ser velho. Pois enquanto o idoso sonha com o futuro tendo olhos brilhando  iluminados pela esperança , o velho dorme acomodado nas  sombras do passado.


O sábio não se envelhece com o passar dos anos, mas se enriquece.


José Moreira Filho
Acadêmico da ALAMI
moreira@baciotti.com